Por Francisco Cavalcante e Natalina Oliveira
Mais de 120 estudantes da rede estadual de Jaguaribara farão as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2020 amanhã, 17, e no dia 24 de janeiro. Desde março do ano passado, todos eles tiveram aulas remotas por meio de plataformas digitais e esse será o primeiro Enem que avaliará a aprendizagem dos estudantes concludentes nesse molde. Frente a esses desafios causados pela pandemia, conversamos com estudantes jaguaribarenses que estão prestes a fazerem a prova. Eles relatam ansiedade, dificuldades na preparação e insuficiência do ensino remoto adotado no ano letivo.
A estudante do 3° ano do ensino médio, Rayanne Leite, afirma que no início da pandemia ficou um pouco confusa quanto aos seus estudos, tendo que mudar seus planos e se adaptar em casa, onde nem sempre conseguia se concentrar. Antes disso, a aluna costumava utilizar o espaço do Liceu para estudar no contraturno de suas aulas. "Isso me trouxe vastas dificuldades, pois sabemos que em casa, não é um ambiente na qual há silêncio".
Diante de tantos impasses, ela conta que sempre buscou auxílio de dentro e de fora da escola, como cursos , para certificar que sua preparação fosse suficiente, mas mesmo assim ainda sente que poderia ter feito mais. Suas expectativas para a prova são otimistas, no entanto se diz ansiosa, tendo em vista que "Em relação a prova posso dizer que é muito imprevisível".
Para o vestibulando Emanoel Silva, aluno do 3º ano e residente no Sítio Arraçaraí, na zona rural de Jaguaribara, a expectativa para o Enem não é das melhores. “Estou um pouco ansioso para a prova e ao mesmo tempo preocupado por realizá-la em meio a uma pandemia com outros alunos que não sabemos qual sua rotina e com outras pessoas convivem”.
Assim como Rayanne, Emanoel relata dificuldades na sua preparação para a prova desde o início da pandemia. “Na minha opinião, as aulas remotas ajudaram, mas não foram suficientes, pois acabamos não revisando todos os conteúdos que deveríamos e não foi um estudo aprofundado. Muitos alunos foram prejudicados, principalmente aqueles que não têm acesso à internet. No entanto, casos como o meu, que tenho acesso, dá para conseguir estudar, mas não é a mesma coisa do que seria no ensino presencial com maior disponibilidade da escola e dos professores”, relata ele.
Eduarda Rodrigues, aluna do 2° ano e treineira no Enem 2020, reforça que, apesar de estar fazendo a prova como “teste”, sentiu pouca familiaridade com as aulas remotas. "A preparação foi pouca, por conta das aulas online não terem tido o mesmo nível de aprendizado que uma aula presencial", enfatiza a estudante. Ela declara também que o maior obstáculo neste período de pandemia é o deslocamento com segurança dos estudantes para o local de prova, demonstrando preocupação sobre as medidas sanitárias que serão tomadas, entretanto espera fazer uma boa prova.
Coadunando com os relatos dos estudantes, a direção da escola tem ciência dessas dificuldades. Para Luciana Aires, coordenadora pedagógica do Liceu José Furtado de Macêdo, a previsão é que alguns alunos inscritos se ausentarão da prova e a escola está trabalhando para evitar a evasão.
Ela destaca que durante todo o ano letivo remoto foram desenvolvidas ações junto a comunidade escolar focadas no Enem. “Em relação à aprendizagem e à saúde psicológica dos alunos, além das aulas realizadas, desenvolvemos conversas com professores, parcerias com outros profissionais e realização de aulões preparatórios para o exame durante todo o ano, mesmo com as aulas remotas”.
Por conta da pandemia, toda a estrutura logística precisou ser modificada para atender aos protocolos de vigilância sanitária. A Escola Estadual Liceu José Furtado de Macêdo, única escola de ensino médio em Jaguaribara, e a Secretaria Municipal de Educação tiveram que reduzir o número de pessoas nos cinco ônibus escolares que transportarão os alunos até Jaguaribe, concedendo exclusividade para alunos dos terceiros anos.
Segundo Luciana, a escola tem adotado medidas de proteção. “Estamos orientando alunos e pais sobre o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social, reduzimos a quantidade de alunos por ônibus, concedendo prioridade para os alunos dos terceiros anos que irão sair da escola”, destacou ela.
Além disso, também foi necessário proibir assentos para candidatos treineiros, aqueles que fazem a prova por teste e que não concluíram o ensino médio, e realizar cadastro na sede da secretaria de educação para interesse de vagas para candidatos egressos da educação básica e que não estão no terceiro ano. Segundo a escola e a secretaria municipal, essas medidas visam evitar aglomerações no translado até os locais de prova e cumprir as medidas sanitárias de distanciamento social.
Em meio a pandemia provocada pelo novo coronavírus, o Ministério da Educação (MEC) decidiu manter as provas do certame que dá direito a disputa por vagas nas universidades públicas e em programas de ingresso ao ensino superior. Entre eles, o Sistema de Seleção Unificado (SISU), o Programa de Financiamento Estudantil (FIES) e o Programa Universidade para Todos (ProUni).