Mesmo com o aumento de casos da Covid-19, Jaguaribara obedece o decreto do governador do estado, Camilo Santana (PT) e as aulas presenciais devem estar de volta ainda neste primeiro semestre de 2021. O assunto vem dividindo opiniões - alguns pais incentivam a reabertura das escolas alegando que os filhos têm dificuldade de aprendizagem virtualmente, outros dizem não sentir segurança para que os filhos retornem às escolas e preferem que continuem estudando em casa.
“Se as aulas presenciais voltarem, só penso numa coisa: os casos iriam voltar a subir porque apesar de todos os cuidados seria difícil manter os cuidados de higiene e distanciamento numa sala cheia de alunos”, reflete Cecília Rodrigues, mãe de aluna.
E não são apenas os pais que andam divididos: professores e alunos também enfrentam o dilema. Segundo a mãe de aluno , Rosângela Freitas, sem as aulas presenciais, os alunos estão sendo prejudicados. “Sem o professor para explicar, questionar e tirar todas as dúvidas que o aluno possa ter torna-se difícil o aprendizado, mesmo porque o aluno não se sente comprometido com a escola, não estando em sala de aula", aponta.
Há também os alunos que preferem continuar na modalidade online, um dos motivos para essa recusa à retomada das aulas presenciais é a insegurança quanto ao vírus. A aluna Isabelle Gomes mora em convivência direta com sua avó, caracterizada como grupo de risco da doença, e teme pela sua saúde e dos seus. Mesmo sendo pré-vestibulanda, não se sente segura para iniciar os estudos presenciais neste ano. “Eu só vou me sentir 100% segura depois da vacinação”, pontua.
Desafios e desigualdade expostos na modalidade virtual
Como a pandemia bateu à porta de surpresa no ano passado, os professores contam que a falta de cursos preparatórios e de conhecimento das ferramentas para a modalidade foi uma dificuldade, como pontua Hilda Aciole, “no início foi uma loucura, o governador decretou e no dia seguinte já estávamos dando aulas remotas, comecei pelo WhatsApp e ao longo dos dias fui descobrindo novas ferramentas”. Hilda leciona em duas escolas de Jaguaribara: na Escola Municipal de Ensino Fundamental Humberto de Alencar Castelo Branco e na Escola Estadual de Ensino Médio Liceu José Furtado de Macêdo.Ao questionar se houve intensificação das desigualdades educacionais do município, Hilda responde: "Ratificando minhas palavras, acredito que sim, mas serviu para conhecer de perto cada aluno, mesmo estando distante. Pela falta de acessibilidade, condições financeiras da família de uma grande parte dos nossos estudantes e os celulares com pouca memória."
A respeito da manifestação dos pais a favor do retorno das aulas, a professora reforça "Isso engloba inúmeros fatores, não julgo a vida de ninguém sem conhecê-lo, a realidade da nossa cidade é diferente da capital, às vezes os pais pedem para voltar às aulas por conta que os alunos ficam nas escolas e eles vão trabalhar. Tenho colegas professores da rede particular com salários reduzidos e a necessidade faz com que peçam para retornar, etc, mas ainda acredito na preservação de nossas vidas."
Sobre o que pode ser feito para que os alunos não sejam prejudicados quanto ao aprendizado, estão presentes algumas possíveis soluções dadas pelos responsáveis de determinados estudantes, como acréscimo de trabalhos individuais, resumos sobre os conteúdos vistos, e até repetição do ano letivo de 2020, como sugere Rosângela Freitas, "Ao meu ver o ano letivo de 2020 deveria ser repetido ,pois o aluno jamais sairá 100% preparado para os desafios escolar do ano seguinte". Mas as escolas reforçam que estão fazendo o possível para que seus alunos não sejam prejudicados e aprendam ,apesar de todas as dificuldades.